Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia 2006
A Comissão Nobel Sueca decidiu atribuir o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia, em partes iguais, a Andrew Z. Fire e Craig C. Mello pela “descoberta do mecanismo fundamental para o controlo dos fluxos de informações genéticas" (for their discovery of RNA interference - gene silencing by double-stranded RNA).
Andrew Z. Fire é Prof. de biologia no Instituto de Tecnologia de Cambridge e Prof. de patologia e genética, Universidade de Medicina de Stanford, na California.
Craig C. Mello é Prof. de biologia na Universidade de Harvard e Prof. de medicina molecular, no Instituto de Pesquisas Howard Hughes, no Massachusetts. A atribuição do Prémio Nobel na Medicina, ainda que ex-aequo, a Craig Mello, provocou uma certa onda de euforia em Portugal. Descendente de açorianos, criou uma certa sensação de que este Nobel é um «bocadinho» nosso, de que anda lá um toque português metido no assunto.
Curiosamente, Craig não só não rejeita esse passado um tanto longínquo – trata-se de um avô – como o discute com os seus alunos de doutoramento portugueses. São dois, muito jovens, sendo um deles descendente de açorianos igualmente e – pasme-se! – tendo também o apelido Melo.
Que descobriram estes investigadores?
Descobriram um mecanismo de silenciamento genético que ocorre a meio caminho entre a transcrição de um gene activo no núcleo e a produção da proteína por ele codificada no citoplasma.
O que é o RNAi (RNA interference)?
O "RNA interference”, (RNAi) ou ARN de interferência, é uma forma de silenciamento de genes após a transcrição, na qual o ARN de cadeia dupla induz a degradação de transcritos homólogos, resultando num efeito semelhante à redução, ou perda, da actividade do gene.
Tem ainda outras designações distintas consoante se trate de animais, plantas ou fungos:
RNAi - em animais;
Post-transcriptional gene silencing – PTGS, em plantas;
Quelling, em fungos.
Post-transcriptional gene silencing
No caso das plantas já era conhecida a co-suppression esquematizada na figura seguinte:
e a Resistência a vírus vegetais, exemplificada na figura que se segue:
Modelo inicial interpretativo da resistência a vírus vegetais era baseado na protecção mediada pela cápside viral, tendo-se verificado que efectivamente a resistência era maioritariamente mediada pelo RNA viral.
De facto a resistência das plantas a vírus tem uma resposta fenotipica a infecções por PPV. Na figura seguinte apresenta-se os tipos de respostas observadas nas plantas no Centro de Genética e Melhoramento Vegetal da Universidade dos Açores:
Na primeira linha encontram-se as folhas de uma planta imunizada, na segunda linha, as folhas de uma planta com recuperação rápida da infecção, na terceira linha, as folhas de uma planta com recuperação tardia, e na última linha, as folhas de uma planta susceptível a infecção viral.
O mecanismo de RNAi, nos animais, pode ser esquematizado nas figuras seguintes:
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