Wednesday, December 12, 2007

Prémio Nobel da Paz de 2007

O Comité Norueguês decidiu atribuir este ano de 2007 o prémio Nobel da Paz ao IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) e a Albert Arnold (Al) Gore Jr.
É na mesma altura que são atribuídos os prémios Nobel da Medicina, da Física, da Química, da Literatura, da Economia e da Paz, uma mistura estranha quando existem tantas ciências, tantas áreas do conhecimento a serem premiadas. Aceita-se que as áreas fundamentais (Física e Química) tenham sido vistas pelo Nobel como as cores primárias da pintura: a partir delas toda a ciência se compõe. Por outro lado, na fronteira entre as ciências mais humanas e as ciências mais exactas estão a Economia e a Medicina, que contrastam com uma possível inutilidade das primeiras ou perspectiva teórica, conferindo um carácter eminentemente prático às segundas, como que querendo afirmar que a ciência terá que ter aplicações práticas e ser capaz de prever o futuro em termos qualitativos e quantitativos.
Literatura e Paz, menos objectivadas, são áreas que testam o nosso íntimo, que mesmo não sendo matematizadas, procuram chamar-nos à razão, tal como todas as outras. Essa lógica parece imperar na atribuição dos Nobel que por vezes permeia a biologia através da medicina, a matemática através da economia e a ciência através da literatura e da Paz. Este ano a Academia Nobel atribuiu o prémio da Paz ao IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) e a Al Gore. O que se está a premiar aqui: A beleza das previsões científicas? O trabalho de inúmeros cientistas? Os sacrifícios de milhares de investigadores que foram perseguidos, calados e despedidos por defenderem objectivamente uma teoria? Ou, um filme? Um político? Um quase líder do Mundo (normalmente americano)? É difícil premiar justamente toda a gente, por isso, haveria que tentar ter justeza na decisão e aí surge o IPCC, sem rosto, quase sem visibilidade. Haveria que dar um rosto ao prémio e Al Gore é, quer queiramos ou não, o rosto dessa questão.
O grande objectivo do comité Nobel com a atribuição deste prémio foi o de criar um «sentimento de urgência» em relação ao aquecimento climático.
O IPCC tenta há 20 anos alertar o planeta sobre os perigos das alterações climáticas, todavia, tem sido muito cauteloso nas suas afirmações, tendo nos primeiros relatórios colocado a dúvida se efectivamente haveria algum efeito do homem no aquecimento do planeta. Os verdadeiros laureados são a comunidade científica, que contribui para os trabalhos do IPCC, e os governos que apoiam a sua acção.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas é constituído por cerca de 2.000 cientistas, o que torna dificil encontrar um rosto que o represente.
Al Gore efectivamente fez um enorme esforço na difusão de conhecimentos sobre as mudanças climáticas provocadas pelo Homem e foi e é acérrimo defensor dos fundamentos para a adopção de medidas necessárias para a luta contra estas alterações.
Félix Rodrigues (Docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, no Jornal A União)

1 Comments:

At 7:39 AM, Blogger Unknown said...

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