Sunday, December 16, 2007

Prémio Nobel da Medicina de 2007

Mario Capecchi

Oliver Smithies

Martin Evans

O Prémio Nobel da Medicina de 2007 distinguiu a criação de ratos transgénicos. Foi atribuído a dois norte-americanos e a um britânico pela criação de ratos transgénicos que permitiram abrir um novo horizonte na investigação de doenças como o Alzheimer ou o cancro.
Os norte-americanos Mario Capecchi e Oliver Smithies e o britânico Martin Evans, cujos trabalhos de investigação foram desenvolvidos separadamente, permiritam descobrir como manipular geneticamente células embrionárias de ratos.
Os cientistas descobriram como inactivar um gene, técnica essencial no domínio terapêutico que é reconhecida como a base da biomedicina do século XXI.
Esta técnica é aplicada em quase todos os domínios da biomedicina, desde a investigação ao desenvolvimento de novas terapias.
A descoberta dos três galardoados permite inactivar um gene, ou seja, neutralizá-lo.
Em laboratório, os cientistas alteraram o código genético de animais de forma a conseguir «ligar» e «desligar» certos genes que tanto os ratos como os seres humanos partilham.
Segundo o comité do Prémio Nobel, o estudo de genes permite aumentar os conhecimentos de «inúmeros genes em desenvolvimento embrionário».
O campo de aplicação destas descobertas é vasto, podendo contribuir para encontrar tratamentos para doenças degenerativas como o Alzheimer, mas também o cancro, a diabetes e as doenças cardiovasculares.
Pelo segundo ano consecutivo, o Nobel da Medicina foi atribuido a uma descoberta na área da genética: em 2006, os americanos Andrew Fire e Craig Mello foram galardoados pela descoberta de um mecanismo natural de bloqueio dos genes que permite lutar contra agentes infectocontagiosos.
Os prémios Nobel são entregues todos os anos a 10 de Dezembro, aniversário da morte do fundador Alfred Nobel.

Prémio Nobel da Economia de 2007


Leonid Hurwicz

Eric Maskin


Roger Myerson


Os economistas norte-americanos Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson ganharam este ano o Prémio Nobel de Economia por criarem as bases de uma teoria que prevê quando os mercados estão a funcionar de forma eficaz.
Hurwicz, cidadão norte-americano de origem russa, torna-se, aos 90 anos, o mais idoso laureado com um Nobel na história da Academia.
A Real Academia Sueca de Ciências disse que os três cientistas estabeleceram a teoria do desenho de mecanismos, que examina a eficácia da alocação de recursos em diferentes instituições e se a intervenção governamental é necessária.
Hurwicz foi o pioneiro nesse campo, tendo sido seguido por Maskin, da Universidade Princeton, e Myerson, da Universidade de Chicago.
Nascido em Moscovo no ano da Revolução Bolchevique (1917), Hurwicz é professor-emérito da Universidade de Minnesota, em Minneapolis.
Os economistas vão dividir um prémio de 10 milhões de coroas suecas (1,5 milhões de euros).
Segundo a Academia Sueca, a teoria do desenho de mecanismos desempenha actualmente um papel central em muitas áreas da economia e partes da ciência política.
"A clássica metáfora de Adam Smith sobre a mão invisível refere-se a como o mercado, sob condições ideais, garante uma colocação eficiente de recursos escassos. Mas, na prática, as condições normalmente não são ideais. Por exemplo, a competição não é completamente livre, os consumidores não são perfeitamente informados e a produção e o consumo desejáveis podem gerar custos e benefícios sociais".
Eric Maskin nasceu em 1950, em Nova York, e doutorou-se em 1976 em Matemática Aplicada por Harvard. Actualmente lecciona Ciências Sociais no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.
Roger Myerson nasceu em 1951, em Boston. Tal como Maskin, doutorou-se em Matemática Aplicada por Harvard em 1976. Actualmente, ocupa uma cátedra em Chicago.
O Nobel da economia não é parte da lista original de prémios estabelecida no testamento do inventor da dinamite, Alfred Nobel, em 1895. Ele só surgiu em 1968, e é originalmente chamado Prémio Sveriges Riksbank [Banco Real Sueco] de Ciências Económicas, em Memória de Alfred Nobel.

Prémio Nobel da Literatura de 2007

O Prémio Nobel da Literatura 2007 foi atribuído este ano a Doris Lessing, nascida em 1919 em Kermanshah, então Pérsia. O Comié considera-a a escritora épica da experiência feminina que com cepticismo, ardor e poder visionário perscruta uma civilização dividida.
Filha de um oficial do exército britânico que sofreu graves amputações na 1ª Grande Guerra Mundial, viveu no actual Zimbabwé até 1949, ano em que foi viver para a Grã-Bretanha.
A sua obra consagrou-a uma das grandes escritoras da actualidade.


A vivência na sociedade racista foi retratada em «A Erva Canta» (1950), que aborda temas como a violência e a sujeição da mulher a um mundo dominado por homens.
Com «O Caderno Dourado» (1962), um romance importante para o feminismo, a escritora, que fora militante no Partido Comunista, surgia na literatura internacional.


O seu trabalho mais forte, autobiográfico, é o ciclo de romances «Filhos da Violência», publicado em cinco volumes. Em obras posteriores, com influências de Carl Gustav Jung e do sufismo islâmico, Lessing interessou-se pelas dimensões mais profundas do destino humano, patente em "Memoirs of a Survivor" de 1974. Nos romances "Canopus em Argos" (quatro volumes, 1982-1985), experimentou as possibilidades da ficção científica. Em 1994 e 1997, publicou dois volumes autobiográficos.


(Em Ciência Hoje)

Saturday, December 15, 2007

Impactos sócio-económicos dos Prémios Nobel da Física e da Química 2007

Realizou-se, no dia 12 de Dezembro de 2007, no auditório da Escola Básica e Secundária Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, uma apresentação dos impactos sócio-económicos dos trabalhos desenvolvidos pelos laureados Nobel em 2007. A sessão organizada pela turma do 12ºD dessa Escola e integrada no trabalho de projecto de Promoção da Cultura Científica do Concelho de Angra do Heroísmo, coordenada pela professora Tânia Fonseca, contou com a colaboração da Professora do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Maria Adelaide Lobo, que apresentou os trabalhos de Gerhard Ertl, Físico do Instituto Max Planck.

Os trabalhos do Francês Albert Fert e do alemão Peter Grünberg foram apresentados pelo Professor Félix Rodrigues, também docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.

Os estudos de Ertl sobre processos químicos de superfície, tiveram um enorme impacto económico na indústria de fertilizantes e por consequência na agricultura. Os Estudos de Fert e Grunberg sobre a Magnetorristência Gigante tiveram um enorme impacto na indústria de computadores e muitos outros dispositivos modernos.

Nessa sessão participaram várias turmas do décimo segundo ano de escolaridade e docentes da Escola anteriormente referida.
Esta sessão serviu para desmistificar a incompreensibilidade, atribuída pelos alunos, ao trabalho científico desenvolvido na área da Química e da Física.
No 10ºAno de Escolaridade os alunos estudam a produção industrial de amoníaco, que está na base da produção de fertilizantes azotados e o modelo da núvem electrónica, nomeadamente a caracterização do estado energético dos electrões pelo número quântico. Assim, houve oportunidade de valorizar a necessidade de aprendizagem de alguns conteúdos da disciplina de Físico-Química, pela importância que eles têm na sociedade moderna, usando como exemplo os trabalho dos prémios Nobel da Química e da Física de 2007.

Wednesday, December 12, 2007

Prémio Nobel da Paz de 2007

O Comité Norueguês decidiu atribuir este ano de 2007 o prémio Nobel da Paz ao IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) e a Albert Arnold (Al) Gore Jr.
É na mesma altura que são atribuídos os prémios Nobel da Medicina, da Física, da Química, da Literatura, da Economia e da Paz, uma mistura estranha quando existem tantas ciências, tantas áreas do conhecimento a serem premiadas. Aceita-se que as áreas fundamentais (Física e Química) tenham sido vistas pelo Nobel como as cores primárias da pintura: a partir delas toda a ciência se compõe. Por outro lado, na fronteira entre as ciências mais humanas e as ciências mais exactas estão a Economia e a Medicina, que contrastam com uma possível inutilidade das primeiras ou perspectiva teórica, conferindo um carácter eminentemente prático às segundas, como que querendo afirmar que a ciência terá que ter aplicações práticas e ser capaz de prever o futuro em termos qualitativos e quantitativos.
Literatura e Paz, menos objectivadas, são áreas que testam o nosso íntimo, que mesmo não sendo matematizadas, procuram chamar-nos à razão, tal como todas as outras. Essa lógica parece imperar na atribuição dos Nobel que por vezes permeia a biologia através da medicina, a matemática através da economia e a ciência através da literatura e da Paz. Este ano a Academia Nobel atribuiu o prémio da Paz ao IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) e a Al Gore. O que se está a premiar aqui: A beleza das previsões científicas? O trabalho de inúmeros cientistas? Os sacrifícios de milhares de investigadores que foram perseguidos, calados e despedidos por defenderem objectivamente uma teoria? Ou, um filme? Um político? Um quase líder do Mundo (normalmente americano)? É difícil premiar justamente toda a gente, por isso, haveria que tentar ter justeza na decisão e aí surge o IPCC, sem rosto, quase sem visibilidade. Haveria que dar um rosto ao prémio e Al Gore é, quer queiramos ou não, o rosto dessa questão.
O grande objectivo do comité Nobel com a atribuição deste prémio foi o de criar um «sentimento de urgência» em relação ao aquecimento climático.
O IPCC tenta há 20 anos alertar o planeta sobre os perigos das alterações climáticas, todavia, tem sido muito cauteloso nas suas afirmações, tendo nos primeiros relatórios colocado a dúvida se efectivamente haveria algum efeito do homem no aquecimento do planeta. Os verdadeiros laureados são a comunidade científica, que contribui para os trabalhos do IPCC, e os governos que apoiam a sua acção.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas é constituído por cerca de 2.000 cientistas, o que torna dificil encontrar um rosto que o represente.
Al Gore efectivamente fez um enorme esforço na difusão de conhecimentos sobre as mudanças climáticas provocadas pelo Homem e foi e é acérrimo defensor dos fundamentos para a adopção de medidas necessárias para a luta contra estas alterações.
Félix Rodrigues (Docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, no Jornal A União)