Monday, December 01, 2008

Prémio Nobel da Literatura 2008

O Prémio Nobel da Literatura 2008 foi atribuído ao escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio pela Academia Sueca.
Desde 1985 que um escritor francês não ganhava o Nobel literário. Aos 68 anos, Le Clézio, autor de romances de aventura, ensaios e literatura infantil, sucede à escritora britânica Doris Lessing, galardoada o ano passado.
Jean-Marie Le Clézio é filho de Raoul Le Clézio, um cirurgião mauriciano, e de Simone Le Clézio, francesa, ambos oriundos de uma família bretã que, no século XVIII, emigrou para a Ilha Maurício e adquiriu a cidadania britânica, após a anexação da ilha pelo Império. Ali era permitido aos colonos manterem as suas propriedades e o uso da língua francesa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a família ficou separada, pois o pai estava impossibilitado de juntar-se à mãe e aos filhos, em Nice. Após a guerra, quando Jean-Marie tinha 8 anos, a família reuniu-se novamente, na Nigéria, onde o pai servia como cirurgião do exército britânico.
Le Clézio estudou na Universidade de Bristol, concluiu seu curso de graduação em literatura francesa, no Institut d’Études Litteraires de Nice, passou vários anos entre Bristol e Londres, e, finalmente, foi para os Estados Unidos onde se tornou professor.
Tornou-se famoso aos 23 anos, com seu primeiro romance, Le Procès-verbal ("O interrogatório"), que foi selecionado para o Prémio Goncourt e obteve o Prémio Renaudot, em 1963.
Desde então, publicou cerca de quarenta livros, incluindo contos, romances, ensaios, duas traduções sobre o tema da mitologia indígena americana, inúmeros comentários e prefácios, assim como algumas participações em obras coletivas.
A sua carreira de escritor pode ser dividida em dois grandes períodos. De 1963 a 1975, Le Clézio explorou temas como a loucura, a linguagem, a escrita, dedicando-se à experimentação formal na sequência de contemporâneos, tais como Georges Perec ou Michel Butor. A obra de Le Clézio foi muito elogiada por intelectuais como Michel Foucault e Gilles Deleuze.
No final dos anos 1970, o estilo do escritor sofre uma mudança drástica, quando ele abandona a experimentação e os seus romances tornam-se menos atormentados. Passa a abordar temas como a infância, adolescência e viagens, tornando-se mais popular. Em 1980, Le Clézio foi o primeiro vencedor do recém-criado prémio Paul Morand, adjudicado a Désert pela Academia Francesa.